terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Quincas Borba – Machado de Assis

A obra Quincas Borba de Machado de Assis é uma espécie de continuação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, do mesmo autor. O livro conta a história de Pedro Rubião, pacato professor primário e morador de Barbacena que se vê tendo que cuidar de Quincas Borba, cachorro do falecido filósofo Joaquim Borba dos Santos que, assim como o cachorro, era chamado de Quincas Borba. Cuidar do cão era a condição imposta para que Rubião não perdesse a herança deixada por Joaquim.
Além da herança, Quincas Borba, o filósofo, trata também de deixar sua tese humanitista para que seja repassada ao mundo por Rubião. Tal filosofia era caracterizada pela máxima: “Ao vencedor, as batatas”. Quincas Borba explica sua teoria dando como exemplo uma história sobre duas tribos famintas em conflito por um campo de batatas que apenas chega para alimentar uma das tribos. Ao término da história o filósofo diz: “Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”. Em síntese, o “Humanitismo” diz que os fortes sempre eliminam os fracos.
Depois da morte de Quincas, Rubião vai morar no Rio de Janeiro. Dentro do trem e a caminho da cidade ele se encontra com o casal Cristiano e Sofia Palha. Rubião encanta-se com a beleza de Sofia, conta ingenuamente sobre sua herança, o que atiça os pensamentos de Cristiano, que logo oferece sua casa para Rubião e sua ajuda durante a estadia na capital.
Depois de um tempo Rubião pede para que Cristiano vire seu sócio e acaba se apaixonando ainda mais por Sofia. A cada olhar dirigido a ela se sente correspondido, alimentando assim seu sentimento. Cristiano, sabendo sobre a paixão de Rubião por sua mulher, se aproveita da situação e pede para que Sofia seduza Rubião com o desejo de extorqui-lo.
Com o passar do tempo o casal Palha tira muito dinheiro de Rubião. O herdeiro de Quincas fica cada vez mais fraco financeiramente. Sofia agia de forma ambígua, conseguindo seduzir Rubião e manter fidelidade ao seu marido. Cristiano, por sua vez, como sócio de Rubião, era visto pelo tolo professor como seu melhor amigo. Tal ingenuidade de Rubião o impedia de perceber o real interesse do casal de supostos amigos. Cristiano e Sofia se mudam de Santa Teresa para a Praia do Flamengo, e de lá para um palacete em Botafogo.
Ao longo da obra Machado de Assis apresenta um Rubião com sintomas de loucura. A insanidade do homem era tão aparente que, depois de perder seu dinheiro, Sofia e Cristiano ainda contribuem para que Rubião seja internado. Mas Rubião desaparece. Ele volta para Minas Gerais junto com o cão. Sem um lugar para passar a noite, o homem se recolhe na porta de uma igreja e enfrenta uma dura tempestade. Ao amanhecer tem outro acesso de loucura, arde em febre e morre. Quincas Borba, o cão, recebe o mesmo destino poucos dias depois.
Machado de Assis desenvolve o enredo de Quincas Borba de forma diferente dos demais clássicos realistas, pois narra em terceira pessoa e é mais objetivo. A insanidade e teses cruas sobre o ser humano são tema da obra, já que é motivo de fim para Rubião e também de Quincas Borba, apegado por sua teoria do “Humanitismo”. De qualquer forma, Rubião comprova a tese de Quincas na prática: as batatas destinam-se ao casal Palha enquanto faz papel de perdedor e fraco da história. Na maneira como apresenta as ações do ser humano, Machado evidencia claramente suas características como escritor realista, estilo literário iniciado por ele mesmo no Brasil com Memórias Póstumas de Brás Cubas.

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